L.
Sempre foi mais solitário e
cresceu com a babá.
Ele passava os dias conversando com ela e assistindo
televisão
Quando eu chegava, ele ficava mais na dele e o nosso processo de
mútua conquista foi lento e consistente.
Ele falava sozinho, muito,
brincando, andando, parado, parecia sempre estar refletindo sobre alguma coisa,
e pena daquele que pensasse que ele estava no mundo da lua, como às vezes aconteceu
comigo.
Numa ceia de Natal, eu de
cozinheiro, servindo à mesa, ocasião em que havia pessoas que eu não
conhecia, mas num ambiente informal e tranquilo, falei algo engraçado, que
todos riram, e a mãe dele – vivíamos juntos na época – soltou uma exclamação,
como que fazendo um gemido.
Ato contínuo ele, que estava na
ponta da mesa lidando com sua comida no prato, começou a gemer: “ãh, ãh, ãh, ãh”
- O que é isso, menino? –
perguntei fazendo troça e querendo continuar minha piada.
- É a mãe, de noite, ãh, ãh, ãh – e continuou
comendo com a inocência dos seus três anos, mais que concentrado no capeletti
ao sugo.
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