C.
Foi um dos meninos de melhor
astral que já conheci, e também um dos mais dramáticos. Tinha a capacidade de
estar no paraíso agora, flutuando e imediatamente mergulhar na profunda
tristeza, contendo o soluço, fazendo bico e inundando os olhos de lágrimas por
um simples não, mesmo que fosse temporário, circunstancial.
Destemido, atirava-se em
aventuras de fazer inveja a qualquer um, como pegar uma bicicleta – daquelas de
rodinha nas laterais – aos dois anos e despencar uma ladeira de terra e pedras
e voltar todo arranhado pelo tombo com aquele sorriso estampado no rosto: “cê
viu, pai?”
Não parava um segundo, exceto
quando desmaiava de cansaço à noite. E logo cedo lá estava ele na minha cama,
dando tapinhas na minha bochecha: “paiê- paiê- paiê- paiê“ e quando eu abria os
olhos, mal humorado, lá estava aquele sorriso escancarado de novo e minha única
alternativa era cair na risada, completamente rendido.
ninguém resiste a um " paiê"!
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